Com a proposta de compreender como os fiéis experienciam a peregrinação e a relacionam com outras práticas da vida cotidiana, especificamente, a relação entre música, cultura e religiosidade durante a Romaria da Sucupira, festividade católica realizada na zona rural do município de Dianópolis, no Sudeste do estado em homenagem à Nossa Senhora do Rosário e Divino Espírito Santo.

Com o tem “A Romaria da Sucupira e o culto ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora do Rosário como expressão de uma memória coletiva e a importância da música como legitimação de uma identidade performática e cultural nessa festividade religiosa” a professora e acadêmica do Curso de Licenciatura em Música da Universidade de Brasília (UNB), Lessa Bartolomeu, apresentou a pesquisa para banca examinadora composta pelos professores Doutores Vinícius Eufrásio, Fernando Lacerda e Murilo Rezende, pontuando a música e o seu significado individual e coletivo para os atores da Romaria, além de contextualizar as funções que a música ocupa dentro de uma comunidade social, tendo como perspectiva o acontecimento cultural.
“Vivencio a Romaria desde a minha infância. E como aluna do curso de música da UNB, quis além de mostrar nossa cultura e tradição, evidenciar como a música de tradição local canaliza a inter-relação da identidade cultural e de que forma as técnicas do fenômeno musical passam a agregar outros valores e sentidos à música devocional”, destacou a acadêmica.
Conforme a acadêmica, a pesquisa encontrou relevância no momento em que observou a música ocupando lugar na fé e na devoção dos romeiros da Sucupira. “Ao unir centenas de fiéis, os festejos embalados pelos sons e ritmos dos foliões, demonstram que a arte musical é necessária para a legitimação da identidade local, já que a música encontra realce na cultura religiosa de Dianópolis, sendo fundamental para a manutenção e sobrevivência dessa tradição”, enfatizou.
A pesquisa apresentada reúne três capítulos, trazendo o contexto histórico da cidade de Dianópolis, a abordagem etnográfica e os aspectos etnográficos: lugar, espaço e interação na Festa do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário.
O trabalho foi apresentado e aprovado pela banca sem ressalvas. “Muito feliz em expressar nossa fé por meio de uma pesquisa científica e mais ainda em defender a nossa tradição e cultura em um trabalho tão importante para mim. Só gratidão aos professores e dizer que a nossa Romaria é patrimônio de todo cidadão dianopolino”, finalizou.
Romaria
Tema de pesquisa, a Romaria da Sucupira tem seu início em meados do século XIX, quando um vaqueiro encontrou uma imagem de Nossa Senhora do Rosário entre os galhos de um pé de sucupira, dentre o sertão dianopolino e de Conceição do Norte. Naquela localidade havia grandes jazidas de ouro, atualmente esgotadas pela extração.
O fato de ser próxima a Conceição do Norte (atual Conceição do Tocantins), local onde residia grande quantidade de escravos usados na exploração de recursos auríferos da circunvizinhança, faz com que a presença de escravos no início de tal manifestação religiosa fosse massiva, ficando assim perceptíveis as permanências dos africanismos nas festas de Nossa Senhora do Rosário (tida como protetora dos escravos) e do Divino Espírito Santo, celebrados com mastro, folias e congadas. As festividades ali realizadas, na primeira semana de agosto, são consideradas como uma das identidades locais, caracterizando o “sertanejo”, o homem do campo como o sustentáculo de tal tradição. Distante da zona urbana 35 km, a romaria recebe anualmente centenas de devotos. Na Romaria são realizados os encontros das folias de Nossa Senhora do Rosário e Divino Espírito Santo. (Com informações de Weverson Cardoso).
Sobre a acadêmica
Lessa Bartolomeu a Silva é graduanda em música pela UNB,
Graduada em peadogia pelo CEULP/UBRA. É especialista em Coordenação Pedagógica pela UFT, especialista em Gestão Pública Municipal/UFT, specialista em Gênero e Diversidade na Escola/Graduanda em Música-UNB.
Graduada em Pedagogia-CEULP/UBRA. Especialista em Coordenação Pedagógica-UFT.
Especialista em Gestão Pública Municipal/UFT. Especialista em Gênero e Diversidade na Escola/UFT. É servidora pública municipal concursada e lotada na Secretaria Municipal de Educação de Dianópolis e recém aprovada no concurso estadual de educação.
É tutora do curso de Licenciatura em Música da UFT/Universidade Aberta do Brasil. É articuladora municipal do Selo Unicef. Integra a equipe multidisciplinar do Tribunal de Justiça do Tocantins.
Fonte: Canal63.com.br