O jornal britânico “The Times” afirmou nesta quinta-feira que o Japão busca uma forma de cancelar as Olimpíadas de Tóquio neste ano. Segundo a publicação, o governo japonês chegou a um consenso de que será “muito difícil” organizar o megaevento em meio à pandemia de coronavírus, ainda longe de ser controlada mesmo com a fabricação de algumas vacinas pelo mundo.

Há a preocupação, no entanto, de evitar que o país se queime com o Comitê Olímpico Internacional. De acordo com a fonte do jornal, a intenção do Japão é sediar a competição em 2032.

– Ninguém quer ser o primeiro a dizer isso, mas o consenso é que é muito difícil. Pessoalmente, não acho que isso vá acontecer – afirmou a fonte do jornal.

A publicação vai contra o que disse Thomas Bach, presidente do COI, em entrevista dada ao jornal “Kyodo News”, também nesta quinta. Ele reiterou a confiança na realização dos Jogos de Tóquio em julho de 2021. Em meio ao crescimento do número de casos de Covid-19 no mundo e ao aumento das restrições no país asiático, os japoneses cada vez mais se mostram contrários à realização do evento.

– Nós temos, neste momento, nenhuma razão para acreditar que os Jogos Olímpicos de Tóquio não começarão no dia 23 de julho no Estádio Olímpico de Tóquio. Isto é porque não há plano B e porque estamos totalmente comprometidos em fazer estes Jogos seguros e bem-sucedidos – disse.

O Comitê Olímpicos Internacional (COI) reuniu seus membros nesta quinta-feira para discutir a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que tem a cerimônia de abertura marcada para 23 de julho de 2021. Mais antigo brasileiro entre os cem membros do COI, o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman esteve na teleconferência e disse ao ge que na pauta não estava o adiamento ou cancelamento das Olimpíadas deste ano, mas a forma como ela vai ser organizada.

– Os Jogos vão acontecer de qualquer forma. A gente não sabe em qual dimensão e quais os problemas. Isso foi discutido. Amanhã será com os comitês olímpicos nacionais do mundo inteiro. Estão buscando ideias para ver de que forma a execução. Não existe a possibilidade, não se fala em cancelamento de Jogos. Pelo contrário. Estimula-se tudo e a todos. Os atletas, os stakeholders, todas as pessoas envolvidas em uma Olimpíada, turistas, voluntários, milhares de pessoas que tem que continuar sendo estimuladas para executar os Jogos de alguma forma. A questão é a forma que vai ser executada – afirmou Bernard Rajzman ao ge na noite desta quinta.

De acordo com a fonte do jornal britânico, a ideia do governo japonês é respeitar as próximas duas edições já programadas das Olimpíadas – Paris 2024 e Los Angeles 2028. Tóquio, então, voltaria a se candidatar em 2025 para receber os Jogos de 2032.

– Suga não está emocionalmente envolvido nos Jogos. Mas eles querem mostrar que estão prontos para ir, para que tenham outra chance em 11 anos. Nessas circunstâncias, ninguém poderia realmente se opor a isso – afirma a fonte do jornal.

As Olimpíadas foram canceladas em 1916, 1940 e 1944 devido às Guerras Mundiais. Caso os Jogos de Tóquio sejam realmente cancelados, seria a primeira vez que o evento não aconteceria em tempos de paz. A missão do governo japonês, porém, seria evitar o enorme prejuízo financeiro e o desgaste com o COI.

No ano passado, a decisão de adiar os Jogos por um ano foi tomada depois que Canadá e Austrália anunciaram que não enviariam atletas. Essa, segundo a fonte do jornal, seria a forma mais simples de chegar ao cancelamento.

– Se alguém como o presidente (Joe) Biden (dos Estados Unidos) dissesse que os atletas norte-americanos não podem ir, poderíamos dizer: ‘Bem, agora é impossível’.

No dia 7 de janeiro, o Japão declarou estado de emergência em Tóquio, com duração prevista de um mês. A entrada de cidadãos estrangeiros foi proibida no país – antes da virada do ano os privilégios concedidos a atletas já haviam sido retirados.

Três dias depois a mídia japonesa publicou uma pesquisa que revelava que 80% dos japoneses são contra a realização dos Jogos de Tóquio no cenário atual. Nesta quarta-feira, um porta-voz do governo confirmou a realização dos Jogos e disse que a vacina não será um pré-requisito. O ex-vice-presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres, no entanto, mostrou-se pessimista: “Muito improvável de acontecer”.

 

Por: Redação do GE em Londres
Fonte:  globoesporte.globo.com
Imagem: Getty Images

 

 

 

 

 

 

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