Série documental que apresenta produção musical erudita brasileira e ritmos da tradição oral traz o registro do circuito nacional realizado há seis anos, dedicados ao compositor Edino Krieger e à cultura popular, em especial as comunidades quilombolas.
Primeiro programa estreia 21 de novembro, no SescTV, que exibirá os oito episódios sempre aos sábados, 21h. No mesmo dia, às 16h, Carlos Sandroni, professor do Departamento de Música da UFPE, e Belisário Franca, documentarista e diretor da série, participam de bate-papo pelo Ideias #EmCasaComSesc, transmitido ao vivo pelo YouTube do Sesc São Paulo (@sescsp);
Todos os episódios do Sonora Brasil também estarão disponíveis, de graça, na internet.
O Sonora Brasil é um projeto do Sesc, que há mais de 20 anos visa a formação de público para a música brasileira. A iniciativa busca despertar no público um olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão de música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, por meio de apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a qualidade das obras e de seus intérpretes.
Trata-se de um projeto de circulação com foco na música de concerto e na música produzida pelas comunidades tradicionais, que chega tanto nos grandes centros urbanos como em cidades do interior e localidades distantes no Brasil, onde a oferta cultural é muito baixa. E como resultado dessas itinerâncias, neste mês, o Sonora Brasil lança nova série documental, que traz o registro das edições de número 16 e 17 do circuito nacional, realizado no biênio 2013-2014.
“O projeto Sonora Brasil caminha no sentido de difundir esta valiosa cultura musical. Os circuitos que percorrem o país levam ao público a qualidade e a diversidade da música brasileira e proporcionam aos artistas a possibilidade de exporem seus trabalhos a plateias distintas, o que resulta em novas experiências e novas inspirações. A série documental exibida pelo SescTV trará de volta dois cenários que encantaram plateias Brasil afora. Tambores e batuques e Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea levaram ao público as manifestações da tradição oral presentes nas comunidades quilombolas, onde o tambor sobressai como elemento sagrado, e a força e maestria de Edino Krieger, compositor de indubitável importância para o desenvolvimento da música no Brasil”, destaca o Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc, Carlos Artexes Simões.
Sob os temas Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea e Tambores e batuques, oito grupos musicais – sendo quatro para cada programação – percorreram os 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal e tudo isso está registrado em uma série de oito documentários que chega ao SescTV no próximo dia 21, sempre com exibições aos sábados, até 9 de janeiro de 2021, no mesmo horário, às 21h. Os episódios também ficam disponíveis on demand no site sesctv.org.br.
“Levar a um maior número de pessoas a diversidade sonora do Brasil é democratizar o acesso da população aos bens culturais, missão que o Sesc potencializa ao disponibilizar o conteúdo audiovisual gratuito, da versão documental da Série Sonora Brasil , em seu canal de TV – SescTV.org.br – e sob demanda, para todos aqueles que busquem um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical. Por meio do registro da memória musical proporcionado pela série de TV, convidamos o público para sensibilizar-se, através de um Brasil sonoro, diverso e plural, que não se fecha em fronteiras, mas, pelo contrário, reverbera limites e se expande Brasil afora”, disse o Diretor Regional do Sesc em São Paulo, Danilo Santos de Miranda.
Para o lançamento, o Sonora Brasil reúne o professor do Departamento de Música da UFPE Carlos Sandroni, e o cineasta, documentarista e diretor da série Belisário Franca em uma conversa sobre o processo criativo da produção audiovisual e a importância da memória musical e diversidade sonora brasileiras. O encontro acontece pela programação do Ideias #EmCasaComSesc, do Sesc São Paulo, que desde maio promove debates sobre as principais questões que tencionam a agenda sociocultural e educativa atual com articuladores sociais ativos, como gestores, pesquisadores e pensadores. A mediação será de Gilberto Figueiredo, analista em música do Departamento Nacional do Sesc. O bate-papo acontece no dia 21, às 16h e terá transmissão ao vivo do YouTube do Sesc São Paulo (youtube.com/sescsp).
O especial de quatro episódios Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea traz à tona a força deste compositor que colaborou, e continua colaborando, para o desenvolvimento da música no Brasil, com reconhecida atuação também como crítico e produtor musical. É o criador do mais importante evento da música contemporânea no país, as Bienais de Música Brasileira Contemporânea, que já ultrapassou a marca de 20 edições.
Além da música de Edino Krieger, o programa traz obras de outros compositores que foram apresentadas nas bienais, executadas pelo Quinteto Brasília em repertório de composições escritas para instrumentos de sopro; o Octeto do Polyphonia Khoros em obras para canto coral; e a mistura do violão e o canto com o Duo Cancionâncias.
Também em quatro episódios, Tambores e batuques apresenta manifestações da tradição oral presentes em comunidades quilombolas que têm o tambor como um elemento fundamental e, em alguns casos, sagrado. Os grupos que circularam o País pelo Sonora Brasil utilizaram instrumentos fabricados artesanalmente, de acordo com as tradições de suas comunidades, apresentando repertório de cânticos que aludem a fatos da vida social, ao trabalho e às crenças religiosas.
Raízes do Bolão, do quilombo do Curiaú (AP), apresenta o marabaixo e o batuque; o samba de cacete, da região de Cametá (PA), é com o grupo Samba de Cacete da Vacaria; o Raízes do Samba de Tocos, da cidade de Antônio Cardoso (BA), traz o samba de roda do agreste baiano; e de Porto Alegre (RS) vem o único dos quatro grupos que não é formado em comunidade rural, o Alabê Ôni, que recupera a história do tambor de sopapo originário da região das charqueadas, em Pelotas, e desaparecido do contexto da tradição oral. No repertório, maçambiques, quicumbis, alujás e candombes.
+ Sobre os programas Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea Uma Homenagem
21/11, 21h, no SescTV.
O maestro e compositor Edino Krieger compartilha suas memórias e músicos interpretam seu repertório e peças apresentadas nas bienais como forma de homenageá-lo por suas contribuições à música brasileira. Krieger fala de sua ancestralidade, das origens em Brusque (SC), do pai que aprendeu vários instrumentos, mas se dedicou ao violino e que nos anos de 1920 se aproximou da música de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e vários compositores da época.
Duo Cancionâncias
28/11, 21h, no SescTV.
Registro do concerto do Duo Cancionâncias, formado pelo violonista Cyro Delvizio e pela cantora lírica Manuelai Camargo, no Sonora Brasil. No repertório, peças de Edino Krieger, José Vieira Brandão e Tim Rescala. Edino Krieger fala de sua trajetória, comenta que se habituou a prescindir de instrumentos para registrar suas ideias musicais e a usar lápis, papel e borracha – seus principais instrumentos de trabalho para compor.
Quinteto Brasília
5/12, 21h, no SescTV.
Concerto do Quinteto Brasília com peças de Edino Krieger, Osvaldo Lacerda e Vieira Brandão, gravado durante o Sonora Brasil, que viajou mais de 100 cidades. Traz, ainda, entrevistas do compositor Krieger e dos músicos envolvidos. O episódio mapeia acordes eruditos, ritmos populares, composições clássicas e a herança da tradição oral, além de diversidade, potência e beleza.
Octeto Polyphonia Khoros
12/12, 21h, no SescTV.
Um registro do concerto do Octeto Polyphonia Khoros, regido pela maestrina Mercia Ferreira, com o repertório de Edino Krieger. O episódio traz depoimentos do maestro, da regente e do grupo. Krieger comenta que quando se escreve para um instrumento é preciso ter conhecimento de suas características, conhecer a particularidade de cada instrumento para compor. Recorda do período em que esteve em Londres, entre 1955 e 1956, e aprendeu a tocar violão sozinho, ficando conhecido na colônia brasileira por interpretações de canções brasileiras de Dorival Caymmi, Noel Rosa e muitos outros.
Tambores e Batuques
Grupo Raízes do Bolão
19/12, 21h, no SescTV
O programa exibe os “sem fins” de riquezas musicais que cabem na música brasileira. Traz Pedro Bolão falando sobre seus ancestrais que participaram da construção da Fortaleza de São José do Amapá, Macapá. Mestre Pedro Bolão define que o “mestre” é aquele que produz e toca o instrumento, e participa das rodas. De família cujo avô matava o boi, tirava a pele, fazia o pandeiro e tocava na mesma noite, os integrantes são tocadores, batuqueiros e falam da força dos batuqueiros cuja comunidade participa dos festejos nas igrejas e nas comunidades. Atualmente esta manifestação folclórica é a maior tradição cultural da região realizada durante os festejos em louvor aos santos padroeiros das comunidades afro-descendentes do Amapá.
Alabê Ôni
26/12, 21h, no SescTV
Alabê Ôni é um grupo gaúcho de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, formado pelos músicos e pesquisadores Richard Serraria, Pingo Borel, Mimmo Ferreira e Kako Xavier, que se dedicam à recuperação da história do tambor de sopapo — o Grande tambor. O grupo percussivo de raiz africana no sangue, na cultura e na espiritualidade se reuniu para agregar as manifestações dos tambores. Na língua iorubá, Alabê Ôni é uma expressão que significa “nobre tamboreiro” ou “grande mestre dos tambores”. Uma homenagem à ancestralidade da África e que resistiu por séculos em terras distantes.
Samba de Tocos
2/1/2021, 21h, no SescTV
O programa visita a Fazenda de Tocos em Antonio Cardoso, na Bahia, onde o Samba de Tocos faz parte da tradição, assim como a devoção a São Cosme e São Damião. O grupo Samba de Tocos toca coco, corrido e chula. Roque da Viola fala da tradição dos antepassados e da região em que chove pouco e o povo inventa cantigas para amenizar o sofrimento como o coco, uma chula, um corrido e torna-se cantiga de samba de roda com acompanhamento dos tambores, uma tradição muito antiga.
Mestre Satu relembra a história dos escravizados em Santo Amaro que tinham o hábito de cantar nas fazendas de cana-de-açúcar e conta que as festas em sua casa duram um dia e uma noite, com carneiro, galinha e caruru, comida típica da região que mistura as origens africanas e indígenas. Roque da Viola comenta sobre a reforma agrária no sertão da Bahia e da divisão das terras onde mora e também sobre os diferentes ritmos do samba de coco, do corrido, do martelo e da chula. Edilma Neri samba desde os oito anos de idade, canta e ajuda aos pais nas rezas, e conta sobre a devoção a Cosme e Damião e a tradição do Caruru de 7 meninos. Mestre Satu explica que é mestre de samba de roda e mestre de reza, além de saber fazer o tambor com couro de veado.
Samba de Cacete da Vacaria
9/1/2021, 21h, no SescTV
A cantoria e o batuque do grupo Samba do Cacete de Vacaria, da comunidade de Cametá, no Pará, se misturam com a dança e dão o tom num repertório permeado de influências cotidianas. Maria dos Prazeres entoa um canto e Manoel Maria da Cruz discorre sobre suas origens e misturas decorrentes dos escravos e índios. Dessa miscigenação étnica nasce uma fusão sonora multicultural, o samba de cacete que tem origem nos avós do interior das senzalas como forma de diversão.
Mestre Benedito traz as memórias da estrada da vacaria, e das famílias indígenas que labutavam nas fazendas locais e que deram origem ao nome do grupo. Maria das Graças da Cruz afirma que foi criada em meia a cultura da mandioca e do samba. Os mestres sambistas se reúnem e comentam os processos musicais em ensaios que reúnem mulheres e homens de gerações distintas. Os mestres explicam a importância do uso do cacete na sonoridade do tambor. A maioria dos brincantes, batedores e mestres que residem na Vacaria são integrantes da mesma família. Os laços e parentescos aproximam famílias e aprimoram as raízes e a cultura ancestral. Manoel Vieira relembra o modo simples e artesanal com que são construídos os instrumentos, cujas técnicas são passadas entre gerações.
EDINO KRIEGER
Compositor, crítico musical e produtor cultural, é um dos principais nomes da criação musical brasileira. Seu catálogo inclui diversas obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratório, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Suas composições têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior.
SESC
O Sesc – Serviço Social do Comércio foi criado com objetivo de proporcionar bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus familiares. Mantido pelos empresários do setor, atua nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência, promovendo atividades que oferecem ao seu público a possibilidade de autonomia e desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Com o passar dos anos, esse trabalho foi estendido a toda a população, dentro do compromisso da Instituição com a sociedade. Cuidar da saúde, estudar, praticar atividades esportivas, participar de excursões e passeios turísticos, frequentar teatros, cinemas, bibliotecas e outros espaços culturais, são ações que chegam nas mais diversas localidades do país devido à presença nacional da Instituição. Em São Paulo, o Sesc conta com 40 unidades e atende cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Além disso, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas.
+ SESCTV
O SescTV é o canal cultural do Sesc São Paulo que enxerga a ideia de televisão não apenas como um veículo, mas como uma manifestação da arte audiovisual. Disponível gratuitamente na internet e em operadoras de TV por assinatura, o canal produz e exibe programas dedicados à difusão de diversas formas de artes. Composta de musicais, documentários e debates nas áreas de teatro, música, dança, literatura, cinema, artes visuais, cultura regional e arquitetura, nossa programação oferece ao telespectador o acesso a espetáculos e à discussão crítica sobre manifestações artísticas, e também a aquisição de conhecimentos sobre a cultura brasileira.
+ SESC DIGITAL
A presença digital do Sesc São Paulo vem sendo construída desde 1996, sempre pautada pela distribuição diária de informações sobre seus programas, projetos e atividades e marcada pela experimentação. O propósito de expandir o alcance de suas ações socioculturais vem do interesse institucional pela crescente universalização de seu atendimento, incluindo públicos que não têm contato com as ações presenciais oferecidas nas 40 unidades operacionais espalhadas pelo estado.
Fonte: Sesc Nacional